APARECIDA MARIANO DE BARROS
( Brasil – São Paulo )
Natural de Piracicaba, São Paulo, Brasil. Tem prêmios conquistados em Festivais de Música e Concursos Literários, inclusivas Portugal e Itália. Foi presidenta da Academia Feminina de Letras e Artes de Jundiaí e Comissão Municipal de Folclore. "Acadêmica do ano 1987." "Poeta Trovador do Século XX", RJ. Filiada a 37 entidades culturais, verbete em 5 dicionários culturais e um de música, e em 89 coletâneas. Tem 10 livros editados, 4 laureados. Título de fundadora da Casa de Cultura "Adolfo Macedo", RJ. Comendadora da Ordem Brasileira de Poetas da literatura de cordel da Bahia. Diploma Honra ao Mérito em homenagem ao se destacado nível cultural e artístico. Ass. Brasileira de Estudos e Pesquisa de Folclore , capital/SP.
LETRAS DEL DESAMOR. Selección de Poesia de Autores Contemporáneos. Montevideo: Bianchi editores; Brasilia: Edições Pilar, s. d. 272 p. ISBN 99S74-663-82-2
Ex. bibl. Antonio Miranda
Nosso adeus
Você se despediu
nem me beijou.
Já foi pensando
em não voltar.
Só o adeus era definitivo,
então devia
devia esta saudade levar.
Relembro agora
todo seu carinho
igual a ele eu não
vou encontrar,
você trazia a paz
que eu buscava,
como o orvalho que a flor
vai refrescar.
A sua mão afagando
a minha,
eu lendo amor em seu olhar,
a esperança então
me predizendo,
que a minha triste vida
ia mudar.
Mas novamente estou
na solidão.
Em desespero sigo
a caminhar.
A estrada é longa
e muito espinhosa,
sem você ao meu lado
a me amparar.
Pensando
A noite chega.
Televisão ligada
não mostra nada.
O sofá companheiro
para reclinar
e meditar
saturou.
Na trilha do passado
tudo já foi
repisado.
O presente
é jardim se flor.
Sem ti, sem teu amor.
Encontro
Todos erguem
castelos
repletos de anelos.
Eles pouco diferem
entre si.
Para mim,
apenas um:
encostar meu rosto
no dele
e soltar
o derradeiro alento.
Feliz!
Quando menos esperava
Eu não conseguia entender.
Viviam tão bem, se amavam.
Até que ele começou a mudar.
O arroz salgado,
a carne dura,
feijão mal temperado.
Empurrava as crianças.
Não via mais a presença dela.
A vida virou um inferno..
A amiga vinha trazer consolo.
Num dia nublado
ele fez a mala... partiu...
A despesa da casa?
As perguntas dos filhos?
O vazio... a saudade...
viveu como pôde
dez anos de solidão.
Leu num jornal de outra cidade
— o falecimento dele!
As palavras chorosas da "outra",
Deus do céu, fora traída!
Traída pele melhor amiga.
Olhou para as mãos grossas
da faxineira, adolescentes os filho
trabalhando... Chorou... doido.
Conclusão funesta
Procuro me distrair
Mas aonde vou
o sentimento
segue paralelo.
No rosto de outrem
vejo o seu,
olhando-me
como se também esperasse
uma solução
para nossas vidas.
E, se as horas correm
impiedosamente
sem que eu possa
segurá-las,
aproximando o fim
do nosso tempo,
jamais teremos
o que procuramos, jamais...
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ANTOLOGIA DEL SECCHI, 2005. Organização Roberto de Castro Del´Secchi. Rio de Janeiro: Del´Secchi, 2005. 328 p. 14 x 21 cm ISBN 85-8649-14-3 No. 10 231
Exemplar da biblioteca de Antonio Miranda, doação do amigo (livreiro) Brito, em novembro de 2024.
NA HORA DO PICADÃO
Depois do caldo de feijão
Com a couve rasgada,
o Onofre sentou no toco
junto à porta de entrada.
Da botina gasta,
um pedacinho tirado,
levou toda dor
do calo inflamado.
Chapéu de palha já velho,
calça remendada,
camisa furada.
Olhou a plantação,
a primeira água que caiu
sobre ela,
foi gota de seu suor.
Gente da cidade
põe tudo na mesa enfeitada.
Não sabe da dor-de-dente,
vermes, “amarelão”.
O dinheiro não chegou
nem para a corda arrebentada,
da viola encostada!
Ele sempre se consola:
as estrela, a lua,
parecem propriedade sua.
É só olhar para o céu
semelhando um véu
de luzes e de esperança...
— do que “mesmo”?
Picadão: cigarro de palha, fumo em corda
amarelão: impaludismo (deixa a pele amarelada)
mermo: mesmo.
*
Página ampliada e republicada em novembro de 2024
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Página publicada em setembro de 2022
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